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Por Coluna
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A lista de Fachin ofuscou a agonia da Turma do Guardanapo

A história mostrou que os adereços, em vez de estarem presos na cabeça, fariam mais sentido abaixo dos olhos, como usavam os bandidos de faroeste

Por Branca Nunes Atualizado em 16 abr 2017, 13h12 - Publicado em 15 abr 2017, 11h10

O barulho causado nacionalmente pela divulgação nesta terça-feira da Lista de Edison Fachin, documento assinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal que oficializou a instauração de inquéritos contra dezenas de figurões da política, abafou uma boa notícia regional. Horas antes da revelação dos nomes, a prisão de Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro no governo de Sérgio Cabral, comprovou a desintegração da Turma do Guardanapo, bando que saqueou o estado por mais de uma década.

Produzidas em 2009 no restaurante do Hotel Ritz, em Paris, e divulgada em 2012, as fotografias exibem um eufórico Sérgio Cabral, ao lado de políticos e empresários, todos com guardanapos amarrados na cabeça. O futuro mostraria que os adereços fariam mais sentido se estivessem presos pouco abaixo dos olhos, sobre o nariz e a boca, à maneira dos vilões dos velhos faroestes.

Menos um – A relação nebulosa entre Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, e Cabral começou a ser exposta em junho de 2011, com a queda de um helicóptero na Bahia. No acidente, morreram Mariana Noleto, namorada do filho do então governador, Jordana Kfuri, mulher do empresário, e mais quatro pessoas. Cabral e o filho Marco Antônio por pouco não embarcaram na aeronave. A turma estava na Bahia para a festa de aniversário de Cavendish.

Embora a empreiteira tenha sido responsável por algumas das principais obras do governo fluminense, Cabral rechaçava as acusações de que a amizade entre ele e Cavendish tivessem alguma relação com a multiplicação dos contratos da construtora, que viveu seu auge entre 2006 e 2011. Em 2010, o faturamento da Delta foi de R$ 3 bilhões.

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Um ano depois, a prisão de Carlinhos Cachoeira revelou que a Delta repassava boladas de dinheiro às empresas fantasmas do bicheiro goiano. Segundo o Ministério Público Federal, Cachoeira seria um sócio oculto da Delta. Apesar de todas as evidências, Cavendish foi encarcerado só em julho de 2016, na Operação Saqueador, que prendeu suspeitos de envolvimento em um esquema de lavagem de R$ 370 milhões desviados dos cofres públicos.

Menos dois – Em novembro do ano passado, chegou a vez de Sérgio Cabral. Batizada de Calicute, a operação que prendeu o ex-governador investiga o desvio de mais de R$ 220 milhões em obras públicas. O patrimônio ilegal do “Tio Patinhas da Corrupção” – como definiu Fernando Gabeira -, inclui ainda diamantes e ouro guardados em dois cofres alugados na Suíça, além de milhões em joias. As provas mostram que o ex-governador é um dos maiores ladrões da história do país.

Menos três – Nesta terça-feira foi a vez de Sérgio Côrtes. Preso na Fatura Exposta, mais um desdobramento da Lava Jato no Rio, a operação investiga fraudes em licitações para o fornecimento de próteses ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). Segundo a delação de Cesar Romero Vianna, ex-subsecretário executivo da Secretaria e ex-assessor do Into, Cabral ficava com 5% do valor arrecadado. Côrtes com 2%, Romero com 1%, o Tribunal de Contas do Estado também com 1% e o 1% restante ia para a manutenção do esquema.

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Os investigadores afirmam que, entre 2006 e 2017, os desvios chegaram a R$ 300 milhões. Conforme calculou uma reportagem publicada pelo UOL, com este dinheiro seria possível construir 300 postos de saúde, 278 Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou bancar o Hospital da Clínicas, o maior hospital público de emergência da América Latina, por mais de um ano.

O outro integrante da Turma do Guardanapo que aparece na foto que ilustra o post é Georges Sadala. Ainda em liberdade, ele participa do consórcio responsável pelo programa Rio Poupa Tempo, que oferece mais de 400 serviços aos fluminenses. Em 2012, época da publicação das fotos, ele havia recebido, desde 2008, R$ 56,8 milhões do estado. Em dezembro de 2016, o colunista Lauro Jardim revelou que Sadala acabara de comprar um apartamento de 600 m² no edifício Cap Ferrat, o mais caro da Avenida Vieira Souto, em Ipanema – e que o empresário estava entre os citados por Cavendish em sua delação premiada.

Pelos números, era quase um sonho ser um dos integrantes da Turma do Guardanapo. Desde o início da Operação Lava Jato, tornou-se um pesadelo.

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