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A equipe da supergerente precisa de um Ministério das Águas Marítimas e Fluviais

No instante em que o petroleiro João Cândido flutuou pela primeira vez nas águas do Atlântico, o presidente Lula anunciou no palanque armado no Porto de Suape a ressurreição da indústria naval brasileira. O comício deveria festejar, em maio de 2010, a viagem inaugural do colosso encomendado pela Petrobras ─ e inteiramente fabricado por aqui. […]

Por Branca Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 09h12 - Publicado em 31 mar 2012, 16h30

No instante em que o petroleiro João Cândido flutuou pela primeira vez nas águas do Atlântico, o presidente Lula anunciou no palanque armado no Porto de Suape a ressurreição da indústria naval brasileira. O comício deveria festejar, em maio de 2010, a viagem inaugural do colosso encomendado pela Petrobras ─ e inteiramente fabricado por aqui. Acabou comemorando um banho de mar de meia hora. Antes que Lula se transformasse no único governante da história a inaugurar um naufrágio, a embarcação foi recolhida ao estaleiro de onde nunca mais saiu. Passados quase dois anos, continua estacionada em terra firme. Além do trem-bala invisível, o governo inventou um navio que não navega.

E ninguém sabe quando vai enfrentar as ondas pela segunda vez, informa a repórter Júlia Rodrigues na seção O País quer Saber. Os defeitos de fabricação são tão alarmantes que só podem ser consertados em paragens no exterior governadas por gente menos gabola e mais competente. Há quase dois anos à espera do reboque, o João Cândido custou  R$ 336 milhões ─ o dobro do preço de um similar importado. Também por isso, a estatal perdulária não se queixa do atraso na entrega de outros 21 petroleiros encomendados ao consórcio de empresas nativas.

O navio que tem medo do mar é a prova mais imponente de que o governo Lula-Dilma bate qualquer recorde de inépcia quando se mete em algo que tenha alguma coisa a ver com água. Nesta quarta-feira, por exemplo, auditores do Tribunal de Contas da União localizaram outra enxurrada de patifarias e pilantragens nos canteiros de obras semidesertos da transposição das águas do Rio São Francisco. No dia em que a inspeção foi autorizada, um dos lotes da maior promessa do PAC estava orçado em R$ 693 milhões. Semanas mais tarde, quando os fiscais apareceram por lá, a parceria entre empresas especializadas em superfaturamento e a turma em ação no Ministério da Integração Nacional já subira a conta para R$ 720 milhões.

Nenhum item escapa aos craques da multiplicação da gastança. A areia utilizada pelas empreiteiras, por exemplo, superou em 143% o preço médio do mercado. É o grão mais caro do planeta. Desde a chegada de Dilma à presidência, a transposição ficou 71% mais cara: o projeto concebido para promover Lula a Dom Pedro III vai engolir R$ 8,2 bilhões. Por enquanto: o prazo de validade das cifras termina na próxima revisão dos contratos.

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Também nesta semana, o TCU fisgou mais bandalheiras no Ministério da Pesca. Em 2010, o então ministro Altemir Gregolin (militante do PT catarinense) encomendou à Intech Boating (empresa catarinense que costuma bancar despesas eleitorais do PT estadual) uma frota de 28 lanchas. Segundo Gregolin, serviriam para patrulhar o litoral. Segundo a legislação, não cabe ao Ministério da Pesca patrulhar o litoral. No mesmo ano, a Intech Boating retribuiu a gentileza com outro adjutório milionário entregue aos tesoureiros da campanha de Ideli Salvatti, candidata (do PT) ao governo catarinense.

Surrada nas urnas, a companheira que não distingue um lambari de um criado-mudo foi consolada por Dilma Rousseff com o Ministério da Pesca. Ficou no cargo cinco meses, tempo suficiente para autorizar o pagamento de R$ 5,2 milhões, última parcela dos R$ 31 milhões pescados pela Intech Boating. O TCU constatou que, das 28 lanchas, 23 nunca viram o mar. As restantes se prestaram a passeios que deveriam ter sido patrulhados pela polícia.

Tudo somado, está claro que a supergerente de araque precisa criar urgentemente um Ministério das Águas Marítimas e Fluviais, que se encarregaria de centralizar lambanças aquáticas hoje distribuídas por dois ministérios e uma estatal. A inovação não fará o João Cândido flutuar, não reduzirá a roubalheira no São Francisco nem vai bloquear a passagem de cardumes de negociatas. Mas pelo menos dois problemas serão resolvidos. Em vez do ministro da Pesca, do ministro da Integração Nacional e de figurões da Petrobras, só o caçula do primeiro escalão estará frequentando o noticiário político-policial. E os jornalistas seriam desinformados num único guichê.

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Com a nomeação de um vice-rei dos rios e dos mares, enfim, os ministros serão 40, número mais apropriado para bandos. E a presidente terá uma opção a mais na hora de escolher o alvo do pito, da carranca ou do chilique.

 

 

 

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