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Por Filipe Vilicic
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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O que se pode aprender com os EUA sobre o tosco plano de limitar a internet fixa?

A tentativa de operadoras de internet de cobrar mais, pelo mesmo (ou até por menos), não se restringe ao Brasil. Ocorreu, por exemplo, nos Estados Unidos. E o desfecho da história americana serve de exemplo de como poderia ser no Brasil. Lá, a Comcast, que domina quase 30% do mercado de banda larga fixa, testou […]

Por Filipe Vilicic Atualizado em 30 jul 2020, 22h53 - Publicado em 28 abr 2016, 16h58

A tentativa de operadoras de internet de cobrar mais, pelo mesmo (ou até por menos), não se restringe ao Brasil. Ocorreu, por exemplo, nos Estados Unidos. E o desfecho da história americana serve de exemplo de como poderia ser no Brasil.

Lá, a Comcast, que domina quase 30% do mercado de banda larga fixa, testou impor limites mensais de 300 GB (parecido com o que queria fazer a Vivo, no Brasil) a seus clientes. A reação contrária (novamente, assim como no Brasil) foi avassaladora. Multiplicaram-se por nove as queixas para a FCC (a Anatel dos EUA).

O que fez a Comcast? Para não perder clientes (nem irritá-los), aumentou o teto para 1TB, com opção de pagar 50 dólares a mais para se tornar ilimitado – mesmo que nem 1% de seus clientes ultrapasse essa fronteira, a de 1TB. Mesmo assim, a empresa continuou a apostar que poderia fazer o que quisesse em seu setor. Motivo? A Comcast chega a ser, praticamente, a única operadora ativa em diversas cidades americanas. Sem concorrência, o que temer?

Só que a concorrência está chegando. A Charter (6% do mercado) anunciou que quer comprar a Time Warner Cable (15%). Com isso, começaria a fazer frente à Comcast.

Contudo, a FCC (lembro: a Anatel deles) avisou que só permitirá a junção se ela atender a duas condições. Primeira: a operadora não poderá comercializar planos com franquias limitadas de dados. Segunda: terá de atuar em cidades onde hoje está a Comcast.

Quem ganha com isso? O consumidor. O aumento da concorrência fará com que alguns migrem da Comcast para a rival. A consequência esperada pela FCC é baratear planos, esquentar a disputa, aumentar as opções aos clientes e, com isso, aprimorar a internet nos Estados Unidos.

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O que o Brasil poderia aprender disso? A Anatel deveria estar aí justamente para fomentar a indústria, em favor dos consumidores (como fez a FCC nos Estados Unidos). Por aqui, ainda há muitas cidades menores que contam apenas com uma operadora. Seria preciso incentivar (quando não, impulsionar) a concorrência a chegar a esses locais. A disputa, saudável, beneficiaria a todos, obrigando, inclusive, o aprimoramento da infraestrutura da internet brasileira.

Enquanto isso, aos clientes cabe, sim, se manifestar contra o que não concordam. E trocar de operadora quando lhe for conveniente (o ideal seria dar, finalmente, um fim àqueles contratos que, na prática, obrigam a fidelização por um ano à operadora). Em um mercado livre, só assim é possível pressionar as companhias.

*

Dito isso, há uma última descoberta proveniente do caso americano. Tanto lá, quanto aqui, operadoras alegam que é preciso impor limites à internet fixa por não conseguirem suprir a atual demanda. Mentira. Segundo um estudo feito pela consultoria CCG, especializada na área, o custo de fornecimento de internet não é tão variável quanto essas empresas alegam ser. O valor estaria ligado a dois elementos: a largura de banda e seu transporte.

Para o “transporte”, custeia-se levar a largura de banda de um ponto de internet (os POPs) até seus clientes. Essa despesa é fixa, independentemente de quanto de banda se insere no “tubo” da rede. Ou seja, isso não aumento com o maior uso.

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O segundo custo é a compra da conectividade, de fato, com a internet. E funciona assim: quanto mais se gasta com isso, menor fica o valor por megabit. O ponto central é que a operadora tem de arcar com o mesmo valor, todos os meses, para manter sua estrutura – novamente, sem depender de quanto os consumidores usufruem, na prática, da conexão fornecida.

Ou seja, é balela a justificativa do custo maior. Com uma infraestrutura adequada, a operadora sempre paga o mesmo, todos os meses, pelo fornecimento de internet (o teto é o quanto ela está disposta a desembolsar por isso; o que não está relacionado à velocidade ou ao limite de dados da internet de sua casa).

Nos Estados Unidos, a Comcast já admitiu que a tentativa de impor franquias a seus planos era uma jogada de negócios, não uma necessidade, para cortar custos. Aqui, as operadoras poderiam ao menos confessar o mesmo.

Lembrete: apesar de, neste momento, as empresas serem proibidas pela Anatel de comercializar os planos de internet fixa com franquia, a decisão final sobre o assunto só será tomada após uma ponderação da diretoria do órgão. Em outras palavras, o assunto não está encerrado.

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