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Quando o Nobel da Paz comandava a guerra: entrevista inédita

Em 2007, durante uma viagem à Colômbia para a coleta de informações para uma reportagem sobre o país, entrevistei o então ministro da Defesa Juan Manuel Santos, o responsável por aplicar a estratégia militar implacável do presidente Álvaro Uribe contra as Farc. Santos sucedeu Uribe na presidência em 2010 e, com o tempo, afastou-se do […]

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 21h37 - Publicado em 7 out 2016, 18h21
Juan Manuel Santos

Como ministro da Defesa, Santos foi implacável com a guerrilha

Em 2007, durante uma viagem à Colômbia para a coleta de informações para uma reportagem sobre o país, entrevistei o então ministro da Defesa Juan Manuel Santos, o responsável por aplicar a estratégia militar implacável do presidente Álvaro Uribe contra as Farc. Santos sucedeu Uribe na presidência em 2010 e, com o tempo, afastou-se do seu antigo mentor. Uma de suas diferenças políticas está exatamente na insistência de Santos em negociar um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), para encerrar a guerra civil de cinco décadas que assola o país. Pois foi esse esforço que rendeu a Santos o Prêmio Nobel da Paz, concedido nesta sexta-feira 7 pelo comitê norueguês.

Entrevistei Santos em seu gabinete em Bogotá durante cerca de meia hora. Como costuma acontecer nas reportagens de fôlego, falei com dezenas de personalidades de alta relevância no país, entre empresários, políticos, economistas e cidadãos comuns. A conversa com Santos me permitiu reunir informações importantes que foram usadas para compor o texto. Mas a entrevista nunca foi publicada.

Acredito que vale destacar algumas das declarações mais importantes que ele me fez na ocasião:

“Há um consenso de que a estratégia de Uribe é a correta. O governo que vier vai manter essa política.”

“A receita para o sucesso da nossa estratégia é o esforço conjunto de polícia e exército.”

“O moral da guerrilha está cada vez mais baixo, porque todos os dias fazemos operações militares contra ela.”

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“As Farc tinham 25.000 homens. Hoje tem no máximo 11.000.”

“Cinco ou seis anos atrás, ninguém tinha coragem de sair das cidades com suas famílias rumo a destinos turísticos dentro do país. Hoje não há estrada que não possa ser utilizada com segurança.”

“A segurança é uma das condições para que os investimentos externos entrem no país.”

“Agora vem a fase de consolidação e recuperação dos lugares que são redutos da guerrilha mancomunada com o narcotráfico. Há quatro ou cinco anos, um quarto dos prefeitos não podiam entrar em seus municípios.”

“Estamos desenvolvendo um programa de reestruturação da força pública, cujo objetivo é a profissionalização dos soldados e dos policiais para o que chamamos de pós-vitória. Isso é para eles terem emprego quando tivermos que reduzir o contingente das forças de segurança.”

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Santos foi o homem que a aplicou, no governo Uribe, uma estratégia agressiva de destruição das Farc. Uma vez na presidência, ele se convenceu de que não seria possível eliminar completamente o inimigo apenas pela via militar. Em vez disso, era mais factível aproveitar o enfraquecimento dos narcoguerrilheiros para obrigá-los a negociar. Foi o que ele fez, apesar da oposição do antigo chefe. O custo para sua popularidade foi alto, e a população recusou o acordo com as Farc em plebiscito realizado no dia 2. Mas Santos fez o que era possível e necessário fazer.

O desafio do vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2016 será, agora, encontrar disposição dos inimigos e desafetos para começar tudo de novo.

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